
"Ao revisar a tradução bíblica, é preciso levar em consideração que a Palavra de Deus deve ser simples e compreendida por todos. E isso inclui ricos, pobres, cultos e incultos", costumava dizer o pastor batista Werner Kaschel. Mas do que falar, ele procurou transformá-la no motivo da sua vida. Assim, termos como "verbo" e "caridade" se transformaram em "palavra" e "amor". E trechos difíceis de compreender como "a terra era sem forma e vazia" foram trocados por "a terra era um vazio, sem nenhum ser vivente, e estava coberta por um mar profundo". Kaschel faleceu em 8 de novembro de 2010, aos 88 anos, vítima de complicações de uma pneumonia. Mas com obras como a Nova Tradução na Línguagem de Hoje (NTLH) e uma vida dedicada à divulgação do Evangelho e à educação, seu legado não será esquecido.
Descendentes de alemães, Werner Kaschel nasceu em Campinas, no interior de São Paulo, e se batizou cedo, em dezembro de 1934, na Primeira Igreja Batista. Mesmo no começo da adolescência, sentiu o chamado para o ministério e decidiu que precisava se qualificar. Graduou-se em teologia no Seminário do Sul, ligado à Igreja Presbiteriana do Brasil, em Campinas mesmo, no ano de 1944. Cinco anos depois, fez o mestrado no Seminário Batista Southwestern, em Fort Worth, Texas. Voltou aos Estados Unidos para concluir o doutorado de Filosofia, em 1971, no Seminário Batista Southern, em Louisville, Kentuck.
Desde o começo de sua carreira, ele decidiu colocar o que aprendeu na prática. Assim, nos anos de 40, 50 e 60, pastoreou igrejas batistas em Americana (SP) e Rio de Janeiro e na capital paulista. Também foi diretor do Departamento da Junta de Escolas Dominicais e Mocidade, a atual Juerp; Primeiro Secretário da Convenção Batista Brasileira; professor e deão do Seminário teológico do Sul, no Rio; e diretor do Colégio Batista Brasileiro, novamente em São Paulo. Em 1972, assumiu a reitoria da faculdade Teológica Batista de São Paulo, cargo que exerceu até 1989. Ainda como educar, foi presidente da Associação de Seminários Teológicos Evangélicos (ASTE) e da Associação Brasileira de Instituições Batistas de Ensino Teológico (Abibet).
Fluente em cinco idiomas e especialista em hebraico e grego, Kaschel era mestre das letras. Tanto que compôs, traduziu e escreveu diversos hinos e livros. E por mais de duas décadas, trabalhou na Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), integrado e liderando a Comissão de Tradução da Bíblia na Linguagem de Hoje. Ainda assim, no melhor espírito da Reforma Protestante, era capaz de reconhecer as limitações de sua atividade ao admitir que a nova versão estava longe de ser uma unanimidade: " A impressão é que muitos gostam dessa Bíblia, mas ainda existem reações contrárias a ela". Mesmo em idade avançada, trabalhou até 2008 na SBB; porém, desde então, começou a perder a visão. Deixou a esposa Dirce, sua companheira de longa data, filha, neta e uma legião de admiradores, seguidores, talvez sua maior herança.
Fonte: Revista Eclésia, ano 15, nº 146, página 70.
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