Biblioteca da Universidade de Bolonha, na Itália. A primeira universidade ocidental. (Imagem: wikimedia.org) |
Com o aumento da oferta e do acesso a cursos de nível superior no Brasil, está cada vez mais comum encontrarmos dentre os membros das igrejas evangélicas pessoas que possuam um curso de graduação. E esta mudança de nível de escolaridade de uma parcela considerável da sociedade traz diversos reflexos, especialmente no caso dos cursos superiores de Teologia, para a vida congregacional da comunidade cristã evangélica. Portanto, é de elevada importância analisar as origens nas quais se baseiam e as demais características do ensino superior de Teologia.
Reflexos na vida da igreja
Dentre os diversos novos cursos superiores ofertados no sistema de ensino superior brasileiro, o de Teologia é um dos que se encontram cercados de polêmicas e manifestações de apoio e/ou oposição, devido principalmente à natureza "vocacional" do ministério eclesiástico que, segundo uma parcela da liderança evangélica, seria incompatível com a "profissionalização" da Teologia e, principalmente, com a normatização dos cursos de Teologia pelos órgãos governamentais, algo que poderia ser entendido como uma "ingerência estatal" no culto religioso.
Mas é inegável que o aumento geral do nível cultural e acadêmico da membresia das igrejas traz na sua esteira uma alteração - ou pelo menos uma maior exigência por isto - no ensino bíblico e pregação nos púlpitos, e até mesmo nas práticas das comunidades evangélicas.
A blogosfera evangélica
Além de sofrer uma forte influência do "momento tecnológico" vivido nos últimos anos, com a "revolução da internet 2.0", na qual a ideia de que todos podem ter uma opinião resultou na proliferação dos blogs, o aumento da quantidade de blogs evangélicos também pode ter uma estreita relação com o aumento do acesso ao ensino superior de teologia, já que muitos membros da UBE, por exemplo, possuem tal formação e/ou especialização, e é patente a qualidade dos textos e análises produzidos, que auxiliam na edificação do Corpo de Cristo, que é a Igreja.
Reflexos inesperados
Um fato curioso é que, com a atual "febre dos concursos públicos", que leva milhares e milhares de pessoas a passarem meses e até anos estudando arduamente para obter a aprovação em um concurso público, o curso superior de Teologia passou até mesmo a ser mais valorizado após a "oficialização" deste pelo Ministério da Educação (MEC), pois seu diploma é tão válido para muitos concursos como qualquer outro diploma de nível superior.
Um caso emblemático que ilustra tal situação é o concurso para capelão da Marinha do Brasil, que exige formação superior em Teologia e oferece salários bem vantajosos, além da patente de oficial das forças armadas, motivando muitos cristão vocacionados ao ministério pastoral a buscarem a formação superior em Teologia.
Um fato curioso é que, com a atual "febre dos concursos públicos", que leva milhares e milhares de pessoas a passarem meses e até anos estudando arduamente para obter a aprovação em um concurso público, o curso superior de Teologia passou até mesmo a ser mais valorizado após a "oficialização" deste pelo Ministério da Educação (MEC), pois seu diploma é tão válido para muitos concursos como qualquer outro diploma de nível superior.
Um caso emblemático que ilustra tal situação é o concurso para capelão da Marinha do Brasil, que exige formação superior em Teologia e oferece salários bem vantajosos, além da patente de oficial das forças armadas, motivando muitos cristão vocacionados ao ministério pastoral a buscarem a formação superior em Teologia.
A teologia e a origem da universidade
Investigando as últimas análises técnicas feitas pelo Conselho Nacional de Educação acerca do ensino superior de Teologia, nos deparamos com o Parecer nº 60/2014, em cuja introdução são registradas informações acerca do histórico do ensino superior no mundo, e em especial o ensino teológico. E é sobre este extenso documento que passarei a redigir esta pequena série de textos, analisando alguns pontos mais relevantes para a compreensão e valorização do ensino teológico de nível superior.
Investigando as últimas análises técnicas feitas pelo Conselho Nacional de Educação acerca do ensino superior de Teologia, nos deparamos com o Parecer nº 60/2014, em cuja introdução são registradas informações acerca do histórico do ensino superior no mundo, e em especial o ensino teológico. E é sobre este extenso documento que passarei a redigir esta pequena série de textos, analisando alguns pontos mais relevantes para a compreensão e valorização do ensino teológico de nível superior.
Nas primeiras páginas do texto do Parecer, é traçado um panorama histórico sobre o ensino superior, e a primeira informação relevante com a qual nos deparamos é sobre o fato de que a universidade como a conhecemos hoje nasceu no seio da igreja.
O parecerista defende que uma das condições preliminares essenciais para o debate do ensino teológico de nível superior seria "uma breve reflexão não só a respeito dos
primórdios da instituição do ensino superior de Teologia, bem como sobre os princípios da
instituição da escola superior, como tal, no Ocidente, ou, melhor dizendo, sobre a origem da
universidade, propriamente".
Já que, segundo afirma tal parecer, "o marco legal da universidade, assim como hoje a
conhecemos, uma instituição superior formal de ensino – invenção singular da Europa
medieval – está irremediavelmente imbricado com o estatuto da faculdade de Teologia,
nascida em seu contexto". Ou seja, a instituição onde ocorre a efervescente vida acadêmica do nosso tempo iniciou-se com o estudo da Teologia como ciência.
Atribui-se à Teologia, como faculdade, ao lado das faculdades de direito civil, de direito canônico, de medicina e de artes, o começo da universidade moderna.
A ampla divisão e subdivisão de áreas que hoje vemos no ensino superior diverge drasticamente da forma de organização do ensino no início da instituição universitária. Falando sobre tal fase dos primórdios da universidade, o Parecer afirma que "Se um dos projetos precípuos das emergentes corporações de mestres e professores no
século XIII era a pesquisa e o ensino da ciência (scientia), esta ciência, propriamente dita,
denominava-se Teologia.".
O perfil do “teólogo” cientista irá definir, sobretudo, o modelo do “mestre” na idade média, por excelência.
Assim, notamos que o próprio perfil do cientista foi moldado originalmente a partir dos teólogos. E tal "perfil" inicial da ciência, passando por ideias e ideias como por exemplo o ensino público gratuito defendido por Martinho Lutero, resulta em uma construção histórica que reflete até hoje nas instituições de ensino superior, como defende o parecerista: "Os escolásticos estão mais do que
convencidos de que a scientia deve ser ensinada e aprendida; de que a scientia deve ser
universalizada."
Tendo originado as primeiras instituições de ensino superior, a Teologia marca o seu lugar na história, e até mesmo a nomenclatura inicialmente adotada para tais "escolas" ainda perdura, apontando claramente para o fato de que os ideias dos "pais" da instituição superior de ensino motivam e embasam ainda hoje a academia, como nos relembra o parecer, ao afirmar que "As escolas superiores, ou simplesmente “escolas”, constituir-se-ão como corporações, as quais, ao lado das instituições produtivas de artesãos e mercadores, serão
chamadas de 'universidades'".
Portanto, a renomada e "endeusada" instituição que conhecemos hoje como "universidade" e genericamente como academia, teve origem no ensino da Teologia como ciência. Dado o exacerbado secularismo e em alguns casos até mesmo ateísmo que grassa o seio da academia nos últimos tempos, tal "tributo" infelizmente nunca é conferido pelo universitários à teologia, a "mãe" das ciências... Pelo contrário: o "esporte preferido" de estudiosos de áreas como Filosofia e Física, por exemplo, além de muitas outras, é atacar a teologia e desmerecê-la como ciência.
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