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Embora a Igreja contemporânea tenha o
louvor e a adoração a Deus como uma das atividades relevantes na realização dos
cultos a Deus, muitas pessoas desconhecem a diferença entre louvar a Deus e
adorar a Deus com cânticos.
O verbo louvar deriva do latim laudare; tem o sentido de elogiar com
entusiasmo os feitos de alguém. Louvam-se os heróis nacionais, por exemplo.
Depreende-se disso que louvar a Deus é engrandecer as suas obras magníficas. Há
canções que louvam a Deus, por exemplo, Grandioso
és Tu, composição de Stuart K. Hine, tradução de Manuel Porto Filho. Os
cânticos registrados no Antigo Testamento são louvores a Deus, desde o cântico
entoado por Moisés com os filhos de Israel (Êx 15), chegando aos Salmos,
mormente os de Davi. No Novo Testamento, está o Cântico de Maria (quando o anjo
anunciou que ela seria a mãe do Salvador) o cântico de Zacarias (quando nasceu
João Batista). Essas canções são louvores a Deus.
Por outro lado, a adoração é a atividade
de adorar, do latim, adorare; é
cultuar a Deus tendo em vista reconhecer a sua magnificência: é o ato de
magnificar a Deus, exaltando a sua soberania e poder inigualáveis, como se vê
no cântico Santo, Santo, Santo; composição de Reginald Herber e tradução de João Gomes da
Rocha. Nem toda adoração é entoada; quando oramos adoramos a Deus.
Estabelecida, por alto, essa diferença,
vamos à prática do canto sacro nos cultos e como se dá a condução dela no templo.
É bem recente a introdução de uma
categoria de “cantores especiais” nos cultos assembleianos; isso nasceu com a
extinção quase total das bandas marciais e das orquestras (muitas de excelente
qualidade musical) que conduziam o cântico dos fiéis, baseados em seu hinário
oficial (ora em fase de extinção). Criou-se, assim, uma categoria que muitos,
indevidamente, chamam de levitas. Há,
por outro lado, os “ministros de louvor”: outra categoria imprecisa, porque não
há, biblicamente, o ministério de louvor. Louvor – nem adoração – não se
ministra. O louvor é uma oferta pessoal a Deus, e a adoração um dever individual.
Cantar ou adorar nos cultos exigem posicionamento pessoal; sob pena de se
transformar em “cantoria” sem sentido, vazia, o que geralmente acontece.
O problema com o chamado “ministro de
louvor”, propriamente dito, é que o seu comando tira da igreja a espontaneidade
do louvor e da adoração, pelo fato de a congregação ficar atenta àquilo que ele
solicita. Alguns já transformaram essa parte do culto em espetáculo cênico, até
interessante, mas inócuo.
Se não há “ministério de louvor”, qual o
papel desses irmãos que “instruem” o cântico na igreja? Ora, não é difícil
verificar que eles têm um trabalho que pode ser comparado ao diaconal. Assim
como os diáconos trabalham nos cultos, atendendo às necessidades do evento, os
cantores líderes e os maestros de música têm o serviço de manter a regularidade
dos cânticos entoados pela igreja, no que se refere ao andamento e à tonalidade
de cada composição entoada. Julgo que a questão do louvor e da adoração não depende
de um ministro, mas da instrução que a igreja deve ter quanto a essa parte do
culto. A experiência me mostra que o cântico no culto a Deus pode chegar a
muito melhor qualidade e efeito espiritual. É hora de as igrejas porem à parte alguns
pretensos levitas, erigidos em “perpétuos cantores dominicais” e instruírem alguns
“ministros de louvor”, quanto à sua função. Para os que se julgam levitas,
aconselho a participação no conjunto coral da igreja (geralmente eles não
participam, pois seu “ministério” é outro). Para os “ministros de louvor”,
aconselho que entendam a sua condição de “maestros”, de “condutores” dessa
parte do culto; por isso, devem ater-se a sustentar o ritmo, a cadência, o
andamento das canções com que a igreja louva a Deus, de modo inteligente,
pessoal e contrito.
Ev. Izaldil Tavares de Castro.
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