Por Kelem Gaspar
Pastores realizando eventos missionários que em nada contribuem para o despertamento da igreja, orientação do ministério, aperfeiçoamento da obra ou melhoramento no campo.
Quanto a esses eventos, quase sempre me impressiona a lista dos preletores oficiais, geralmente são grandes conferencistas internacionais que dificilmente já estiveram em um campo missionário e em nada podem acrescentar aos ouvintes nesse aspecto.
Já estive em congressos de missões, nos quais os conferencistas ficaram hospedados em hotéis cinco estrelas e receberam de cachê uma quantia considerável e os missionários da igreja ficaram hospedados em uma escola e ganharam, após o evento, uma saca de roupa usada, cada um.
Para mim isso é uma incoerência e o tal congresso poderia mudar de nome, e se chamar qualquer coisa, menos congresso de missões. Resumindo, depois do evento, o nível de conhecimento, compromisso e consciência continua o mesmo. Precisamos orar para que Deus abra os olhos da liderança da igreja, convocando missionários comprometidos com Deus e com sua obra para que preguem em nossos eventos missionários e instruam a igreja competentemente acerca dos desafios da obra missionária e da participação de cada um na conquista do mundo.
Aproveito para mencionar os eventos missionários realizados em igrejas que não tem nenhum missionário no campo, nenhum projeto de missões e nem investem em missões na igreja local. Uma verdadeira fraude. Dinheiro sendo arrecadado em nome de missões para ir direto para o caixa da própria igreja. Pastores enganando a igreja de Deus para se beneficiar.
Recentemente pedi a certo pastor, a gentileza de não me convidar novamente para ministrar em seu “Congresso de Missões”, porque quando fui apresentada ao “único” missionário dessa igreja, trazido do campo de trabalho para participar da festa, vi que ele não tinha os quatro dentes da frente, estava hospedado em um quartinho atrás da igreja, sem nenhuma estrutura e fazendo suas refeições nas casas dos irmãos durante o evento.
Não dá. Maior descuido impossível. Quando o pastor me entregou o valor da oferta por ter ministrado três dias no congresso, embora eu precisasse muito para nosso projeto missionário aqui no interior do Pará, eu preferi repassá-la educadamente ao missionário para que comprasse uma prótese dentária e passasse aquela semana que ainda ficaria em sua cidade natal, de maneira mais digna com sua família.
Não agi assim em busca de louvor e destaque, não fiz nada além da minha obrigação como serva de Deus. Mas, ainda hoje me pergunto, será que os organizadores daquele evento não viram as necessidades de seu próprio obreiro? Como eles podem ocupar-se com a organização de um evento missionário estadual se ignoram as necessidades de um missionário que está bem diante deles?
Na verdade, nós, brasileiros, gostamos do prestígio da missão, mas não estamos comprometidos com o custo da missão. Amamos a glória, mas fechamos os olhos para o preço.
Fonte: Missionária Kelem Gaspar
A Missionária Kelem Gaspar é Membro da Assembleia de Deus em Maracanã/Pa. Autora dos livros Pakau e Segredos do Campo Missionário (CPAD). Diretora do Projeto Campos Brancos, em atividade desde 2005 na zona rural de Maracanã, cujo propósito visa alcançar os povos de comunidades rurais, ribeirinhas, quilombolas e indígenas com o Evangelho de Jesus Cristo.
Há muito tempo que eu já tinha desconfiança quanto a isso que a missionária Kelem Gaspar revela, é bem verdade que existem muitos pastores que ainda levam a sério a obra missionária, mas que infelizmente não entendem do negócio missionário. Então mandam um missionário para o campo e o abandonam lá, pensando que uma pequena ajuda é o suficiente. Eu mesmo conheço uma igreja que tem missionários em alguns lugares, e que a pretexto de visitarem o Campo Missionário e levar uma ajuda ao missionário, viajam com toda a família, com o dinheiro da obra missionária, gastando a maior parte do dinheiro com eles próprios, e com os presentes que trazem como "lembrançinhas" para os seus familiares, e o que sobra dessas "viajens missionárias", aliás quase nada, é que efetivamente os missionários recebem.Parabéns pela coragem de tocar nesse assunto que é um verdadeiro tabú!
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