Maya Felix
Quando
me convidaram para escrever sobre política no blog da UBE, em 2012,
estava terminando de escrever minha tese de doutorado em Linguística,
que defendi no final de setembro daquele ano. Depois da defesa,
senti-me muito cansada, como se um trator tivesse passado por cima de
mim – e, com tudo isso, tive de retomar, em seguida, meu trabalho
de professora universitária. A escrita do primeiro texto foi, então,
postergada até agora.
Além
do cansaço, havia também um temor acerca do que eu poderia ou
deveria escrever sobre política em um site cristão/evangélico. O
que dizer? De que modo? Em dezembro de 2012, comecei a refletir e a
tentar elaborar uma pauta para este primeiro texto.
Falar
sobre política, no meio cristão, pode redundar facilmente em uma
cruzada moral a respeito de temas já conhecidos e bastante
discutidos, como o lobby gay, ou uma reiteração de temas igualmente
explorados e repetidos à exaustão de modo raso e equivocado, como o
problema da injustiça social no mundo. Penso que devemos evitar
posições pouco equilibradas – mas bastante divulgadas – sobre
esses temas. Sair do óbvio nem sempre é fácil, mas é necessário.
Blogueiros autointitulados “ortodoxos” exploram à exaustão
temas ligados à moral, em especial à sexual, como se os únicos
pecados existentes fossem os ligados à sexualidade, ao uso de drogas
ou à prática do aborto. Não quero dizer, com isso, que esses temas
são desimportantes. Não, de modo nenhum. Quero dizer que não são
os únicos a ser tratados em um debate honesto sobre política do
ponto de vista cristão. Do mesmo modo, há cristãos que acham que o
único mal que deve ser combatido é a injustiça social e econômica,
falando repetidamente contra o “sistema”, como se a corrupção
humana nascesse a partir dele, e não o contrário.
Afinal,
qual deve ser o trabalho de um cristão em relação à política? É
possível que muitos cristãos se coloquem, frequentemente, a mesma
questão. As igrejas evangélicas no Brasil devem se colocar no lugar
do Estado (para o qual todos pagam muitos impostos, deve-se
sublinhar) e compensar políticas públicas deficientes? Devem opinar
sobre questões morais e pressionar os governos, esquecendo-se dos
que não são cristãos e não optam por uma visão conservadora
acerca do comportamento humano? O cristão evangélico deve priorizar
seu voto em candidatos da mesma religião? Deve seguir o que o pastor
diz, em época de eleições? É moralmente justificável que uma
igreja financie candidatos e partidos, como ocorre com frequência? É
moralmente lícito que pastores acumulem fortunas pessoais vivendo
apenas da renda de projetos religiosos?
As
interrogações são muitas, e pretendo debatê-las neste espaço no
Blog da UBE. A princípio, é preciso desde já compreender que
devemos fazer todas as coisas nos perguntando de que modo Jesus
agiria. Se Ele não for nosso espelho, então para quê somos
cristãos? Na vida pessoal e social, Jesus deve constantemente guiar
nossos passos humanos e falíveis. Nossos posicionamentos devem ser
próximos ao que Jesus demonstrou. Com esse norte, abrimos nossos
trabalhos. Sejam bem vindos ao debate.
Nasci
em São Luis, Maranhão, em 1971. Tornei-me cristã em 1991, e foi a
melhor decisão de toda a minha vida. Jesus é meu amigo, meu Senhor
e meu parceiro em tudo. Fiz Letras na Universidade de Brasília
(1994), e mestrado (DEA) em Ciências da Linguagem na Université de
Nanterre Paris Ouest La Défense, na França, em 2000. Desde 2004,
sou professora de Linguística no Departamento de Letras da
Universidade Estadual do Maranhão. Em 2012, concluí meu Doutorado
em Letras na Universidade Federal Fluminense, no Rio de Janeiro, em
convênio de cotutela com a Université de Nanterre Paris Ouest La
Défense, onde fiz estágio de pesquisa em 2011 como bolsista da
CAPES. Lecionei francês na Universidade de Brasília, na
Universidade Estadual do Maranhão e na Aliança Francesa de São
Luis, entre outros. Sou especialista em Linguística Textual, com
ênfase em textos multimodais. Gosto de estudar política, pois creio
que o cristão deve buscar compreender melhor a sociedade a fim de
melhor atuar nela, para que o reino de Deus venha entre nós.
seja bem-vinda, Maya!
ResponderExcluiracredito que vc terá muito a acrescentar à UBE com seus textos.
abs,
Obrigada, Wallace! Estou muito feliz em participar deste Blog!
ResponderExcluirOlá Maya Félix
ResponderExcluirGraça & Paz,
Creio que o Eterno te dará graça suficiente para abordar o delicado assunto com excelência e equilíbrio. O Senhor é contigo!
A PAZ DO SENHOR MEUS QUERIDOS IRMÃOS, É UM PRAZER FAZER PARTE DA UBE, QUE DEUS POSSA ABENÇOAR A VIDA DE CADA UM. UM FORTE ABRAÇO PARA TODOS.
ResponderExcluirA Maya certamente veio para enriquecer ainda mais este espaço da UBE!
ResponderExcluirBoa noite Maya,
ResponderExcluirJá tem 6 anos que conheço o seu blog e só posso dizer que os textos são muito agradáveis para ler. Um dos fatos que me chama atenção é o seu domínio na escrita. Cada post, além da função de informar, também é uma aula de como se escrever bem.
Deixo aqui uma sugestão para ampliar o tema sobre o papel do cristão e a política. Temos a política nacional que também recebe influência da Global, por isso qual seria o papel do cristão diante da globalização? Onde eles querem chegar com as propostas de reforma social, política, econômica e religiosa? Como lidar em cada situação sobre a luz das escrituras sem gerar conflitos dentro das enumeras divisões do cristianismo? Seria isso possível de acontecer? Conhecendo melhor a globalização poderíamos descartar melhor falsas promessas políticas internas?
Já estou orando a DEUS para que tenha toda a sabedoria necessária diante desse grandioso projeto que é muito importante.
Abraços e fique com DEUS minha amiga
:=)