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O ser humano tem natureza rebelde. Sua
propensão é a prática do erro, por causa da herança adâmica. Deus alertara a
Adão, quanto às consequências da infração daquilo que lhe fora determinado (Gn
2.17-18). Cometida a desobediência, toda a geração humana ficou contaminada
pelo mal. Adão não previra a extensão de seu desajuste; toda sorte de desvio
maligno instalou-se no caráter humano, ora morto em sua relação com Deus.
Sem amor a Deus, o ser humano destinou
seu amor a si mesmo e às coisas terrenas, de modo tão intenso, que ficou
dominado por sentimentos que lhe roubam a nobreza, a paz e a felicidade. Entre
esses sentimentos projeta-se o amor à riqueza material, a avareza
incontrolável.
Incapaz de bem conduzir e de refrear os
seus sentimentos, o homem tem agido instintivamente guiado pela concupiscência,
que é a corrupção de sua mente, levando todas as gerações às mais terríveis
consequências. O mundo cresceu demograficamente e, com ele, uma enorme
ansiedade pelo poder e pela riqueza de bens materiais. As sociedades formaram-se
em cima do poder da riqueza, promovendo a distinção social, apoiada no poder
econômico e financeiro de cada indivíduo. Maior poder de domínio é dado àquele
que tem mais.
O homem descobriu meios de sobrepor-se
ao seu semelhante: acumulou terras, gado, dominou regiões, usou a inteligência
e a aplicou ao preparo intelectual, sempre tendo como objetivo a dominação do
outro. Nessa tarefa desonesta de dominação, exercida tanto pelo indivíduo
quanto pelo Estado que ele mesmo construiu, apareceu a moeda corrente,
representando o valor com que o homem pode manipular e gerir as relações com
toda a humanidade.
O dinheiro, então, passou a ser o meio
pelo qual o ser humano extrapola quase todas as suas más intenções. O dinheiro
tornou-se o deus da humanidade perdida de Deus. O homem anseia pelo dinheiro,
vive pelo dinheiro, trabalha pelo dinheiro, rouba para ter dinheiro, mata o
semelhante por dinheiro. Tudo quanto devia levar os indivíduos à busca de Deus,
leva-os, agora, à busca desse deus miserável, mostrando quão tola é a
humanidade.
Mas não é a espécie monetária, em si, a
causadora de males; ela é algo neutro, serve apenas como instrumento que os
homens maus utilizam para a prática dos seus pecados. As armas de fogo não são
ruins nelas mesmas; elas são simplesmente o instrumento que a humanidade criou
para praticar seu instinto assassino. As coisas não são más; o homem não
regenerado é mau.
Quando Deus prometeu a Abraão dar-lhe
riqueza abundante, informou-lhe que ele seria uma bênção (Gn 12.2). Abraão não seria
apenas abençoado; ele seria “uma bênção”, evidentemente, para outras pessoas.
Hoje, procura-se muito mais ser abençoado do que ser bênção!
No Sermão da Montanha, Jesus alerta
contra o amor ao dinheiro e contra a ansiedade pelas coisas materiais Diz o
Senhor: “Ninguém pode servir a dois senhores, porque, ou há de odiar um e amar
o outro; ou se dedicará a um, e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e
a Mamom”¹ (Mt 6.24). Quanto à ansiedade pelos bens da vida, Jesus dá instruções
maravilhosas nos versículos seguintes, do mesmo capítulo.
¹mamom
é um termo aramaico que nomeia dinheiro e bens valiosos.
Paulo, apóstolo, declara que “o amor ao
dinheiro é a raiz de todos os males” (1Tm 6.10). Por causa desse apego morreram
Ananias e Safira, Judas traiu a Jesus, e suicidou-se. Por causa desse apego,
milhões de pessoas em todo o mundo têm matado, têm-se suicidado, têm roubado.
Por essa causa nações entram e cruentas guerras, governos escorcham com impostos
a população que os sustenta e até falsos religiosos criam entidades para
arrecadarem o vil metal que os enriqueça. A maldade gananciosa do homem leva-o
ao inferno!
Para aqueles que amam a Deus e lhe
obedecem, a quantidade de bens materiais (que lhes proveio dignamente) é
recurso com o qual se tornam uma bênção. Para esses tanto o muito quanto o
pouco têm a mesma medida, porque a utilização é sempre proporcional ao que têm.
Aí está o segredo do que seja vida próspera. A prosperidade do cristão está no
equilíbrio entre o que satisfaz às suas necessidades e a obediência aos
preceitos divinos. O cristão sabe que, se Deus cuida das aves do campo, não há
dúvida de que ele proverá a sua prosperidade. Diz o salmista que o justo será
com a árvore frutífera, plantada junto ao ribeiro: tem folhas verdes e dá bons
frutos. Também diz que os incrédulos, desobedientes e afastados de Deus, são
como a palha que o vento leva e nada lhes fica.
Medite sobre a sua relação com os bens,
com o dinheiro; não deixe que essas coisas se tornem o deus de sua vida, ainda
que você se declare cristão.
Ev. Izaldil Tavares de Castro.
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