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O homem tem grande prazer em
toda forma de conhecimento. Conhecimento é descoberta. Há em nós uma necessidade
insaciável de saber, a qual já nos vem do berço e nos acompanha até ao túmulo.
As primeiras atitudes dos bebês são as de adaptação ao mundo, por meio do conhecimento.
Para o infante, a vida não se realiza - em primeiro plano - pelo reconhecimento
(pois não há um dejà vu); realiza-se
pelo conhecimento: o “start” da identificação.
O processo de identificação do
mundo e das circunstâncias gera e é gerado pela curiosidade como num moto
perpétuo. Na fase adulta, o homem continua a busca pelo conhecimento e, para
atingir a satisfação de saber, faz do reconhecimento uma de suas ferramentas. O
processo é cumulativo.
O diabo viu em Eva, a nossa
primeira mãe, a possibilidade de induzi-la ao erro, deturpando-lhe a
necessidade da descoberta. Enganada pelo mal, Eva teve manchada pela
desobediência à determinação divina a satisfação do saber. Por isso, caiu na
condenação de si mesma e toda a espécie humana. Talvez daí venha o dito popular:
“A curiosidade mata”! Melhor será dizer que a curiosidade estúpida mata.
A nossa curiosidade, para
produzir bom resultado, deve ser provida de sabedoria; isto é, ela tem de estar
submetida a um precedente. Nada sabemos aprioristicamente; a curiosidade de Eva
não foi sábia, já que ela não atentou para o precedente, que era a determinação
divina. Não há conhecimento, nem ciência que se expliquem a partir do nada, o
precedente determina o trajeto e o resultado da curiosidade. A isso chamamos
circunstância.
Aos pais cabe servir de base
para o saber dos filhos; assim também aos professores, para o saber dos seus discípulos
e aos pastores, para o saber das ovelhas. Quanta responsabilidade para a
formação dos precedentes.
Todavia, continuamos, como
nossos primeiros pais, desconsiderando as bases, e formando para nossa própria
infelicidade um pretenso saber. Hoje, todos já sabemos tudo. Não precisamos
olhar para modelos, não precisamos atentar para instruções. Julgamo-nos capazes
de traçar nosso próprio percurso. Continuamos vítimas do diabo, enquanto
pensamos ter criado nossa cosmovisão. Ela, contudo, é particular, míope e
pecaminosa. Não somos melhores que Adão e Eva.
A tecnologia em que estamos
mergulhados dá-nos essa sensação de sabedoria enlatada. Já não precisamos
queimar as pestanas nos estudos e pesquisas assessorados: tudo já nos vem
pronto à mão. De nada precisamos saber, realmente. Mas, na verdade, nós nos
tornamos arrogantes neste século! As mídias sociais são o espelho dessa
arrogância fajuta. Temos o direito de dizer o que bem quisermos; mas,
geralmente, sem pensar, sem precedentes que nos apoiem.
Abrimos mão de pais, de
professores, de pastores. Somos ricos e de nada temos falta; todavia, não vemos
a nossa condição de pobres, cegos e nus, como informa a passagem de Apocalipse.
No tocante ao conhecimento bíblico, a situação é caótica, porque já dispensamos
nossos pastores, nossas igrejas e nossas congregações; já nos tornamos capazes
de “interpretar” a doutrina cristã por nosso próprio metro.
A sede de saber, que nos é
inata, está conspurcada pelas enganosas armadilhas do Mal, que insiste em
perguntar-nos: “É assim que Deus disse...?”, para em seguida falar: “Certamente
não...”. O capítulo 3 de Gênesis não está num passado longínquo; está
constantemente bem perto de nós, que desprezamos o precedente aviso e
determinação do Pai Celeste.
Ev. Izaldil Tavares de Castro.
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