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A Igreja “ekklesia” é o Corpo
místico de Cristo; entretanto, essa mesma Igreja não é, a priori, a nossa
congregação ou denominação evangélica, uma vez que cada uma dessas instituições
é apenas a parte material, visível, física, do Corpo invisível do Senhor. Aqui se
detecta um problema tão incômodo quanto sério: a perda da individualidade responsável para com Deus.
Corpo é um organismo
constituído de partes. Sabe-se que nenhuma dessas partes é mais - nem menos -
importante no organismo. Deus vê a saúde do Corpo, por meio da saúde dos
membros. A humanidade perdeu a glória de Deus, por causa do pecado de num indivíduo:
Adão. O povo de Israel foi prejudicado por causa do pecado de Acã. Por causa
dessa constatação, cada um de nós deve manter em ordem um relacionamento
absolutamente pessoal com Deus.
Por outro lado, nosso
envolvimento com a congregação, isto é, nosso senso de inclusão denominacional
pode causar uma grave distorção na responsabilidade que nos atinge individualmente no relacionamento com o
Senhor. Em vez de notarmos a nossa própria situação, transferimos o problema
para a igreja, quando nela vemos problemas que, não raro, estão em nós
pessoalmente. Como resultado disso, terminamos sendo empecilhos para a boa
saúde de todo o Corpo.
Ensina o apóstolo Paulo: “Ora,
vós sois o corpo de Cristo e, individualmente, um de seus membros” (1Co 12.27).
Essa tradução, a Versão Brasileira, da SBB, 2015, oportunamente traduz do grego
a palavra individualmente. A versão
KJ diz: “Vós sois o Corpo de Cristo e, cada pessoa entre vós, individualmente,
é membro desse Corpo”. Note-se a ênfase: “cada
pessoa entre vós, individualmente”.
Existe uma tendência
contemporânea de se apontarem os descuidos da “igreja”: é a igreja que não
participa, é a igreja que não coopera, é a igreja que não comparece, é a igreja
que não contribui. Como está mal a igreja (entenda-se a congregação ou a
denominação)!
Mais prejudicial ainda é o
fato de algumas lideranças não perceberem que entre os faltosos há os disciplinados:
há joio, sim; mas Jesus recomendou cautela nesse assunto. Certos discursos
ferem o coração de muitos fiéis e a situação fica mais complicada. Já ouvi
líderes fazendo sermões duros e, para justificarem sua decisão, valeram-se da
passagem em que Jesus foi severo em sua fala (Jo 6. 66-67). Acontece que não leram
os versículos 67 e 68. Palavras de vida eterna só Jesus tem!
Certa ocasião, o diretor de
determinada instituição de ensino chamava a atenção dos professores sobre os
problemas que eles causaram no ano
letivo anterior. Um dos colegas interpelou-o com relação aos que não causaram
problemas. A resposta foi ríspida, desanimadora. Disse aquele péssimo
administrador: “Vocês quererão ganhar uma medalhinha por isso?”. Se esse comportamento
é reprovável no mundo corporativo, que se dirá na igreja!
Todavia, voltando à questão da
perda da individualidade responsável para com Deus, é urgente, extremamente
urgente, que todas as congregações, todas as denominações, instruam sobre a
necessidade de que cada crente traga sobre si mesmo a responsabilidade de ser
um saudável membro do Corpo místico de Cristo (não simplesmente alguém diluído
na liquefação da instituição denominacional). É nesse espaço vago - entre o individual e o
coletivo - que se estabelecem a falsidade, a máscara, os relacionamentos
meramente virtuais de que muitos se aproveitam para expor uma pseudosantidade;
aí também nascem os grupos mantenedores de interesses particulares. Isso causa
as dissensões, as tristezas e os desajustes na congregação.
É necessário temos um mesmo
espírito, uma só maneira de agir (1Co 1.10). Essa uniformidade de vida não vem
da determinação humana, mas tem como regra a infalível palavra de Deus, na qual
cada crente alicerça o seu conviver pessoal com Deus.
Antes de ver o cisco que
embaça a visão do nosso companheiro, devemos ver a venda que nos torna cegos
(Mt 7.3). Devemos entende que o nosso mau relacionamento com Deus afeta todo o
Corpo. Um membro doente faz padecer o corpo inteiro. Por isso não há sabedoria
em se espancar o corpo pelo fato de a mão não estar bem. É necessário tratar a
mão enferma. Sou eu uma mão, ou um pé, ou um braço, ou um dedo mínimo...
Preciso estar saudável, para que o corpo não padeça.
Quando uma congregação está em
crise, somente a reconciliação pessoal de seus membros para com Deus trará os
efeitos desejados. Cada um veja como edifica (1Co 3. 10-14).
Ev. Izaldil Tavares de Castro.
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