É só falar em Dilma Rousseff, os problemas fervilham! A última moda é a discussão sobre a palavra “presidente” (ou será “presidenta?). Também a celeuma é oportuna para se perceber quanta relação há entre a língua e os comportamentos político e social propriamente ditos.
A República do Brasil foi
proclamada no dia 15 de novembro de 1889, pelo marechal Deodoro da Fonseca e,
de lá até esta data, governaram o país 35 presidentes (sem contar o atual) e
uma presidente (ou presidenta?).
Entretanto, isto não é uma
aula de História do Brasil e há quem faça isso melhor do que eu. A questão,
aqui, é a língua portuguesa. Todos sabemos que também em língua o
consuetudinário tem seu peso; nisso “a voz do povo é decisiva até que a voz do
povo mude”, daí a sagração do emprego do termo “presidente” para indicar a
função daquele que preside, dirige, determina os destinos de uma entidade, de
um órgão público ou privado, ou de uma nação. Afinal, foram todos homens.
Da lista de brasileiros que
presidiram a República, apenas um governante é mulher, Dilma Rousseff. Mais
vigoroso do que esse inusitado feito democrático brasileiro, foi o interesse em
evidenciar um sentimento de orgulho, de vaidade, de supremacia. Eleger
presidente da República brasileira uma mulher tornou-se tão reluzente como
elegerem os EUA um negro para o mesmo cargo. Coisas da pós-modernidade!
Eleita a mulher, ela própria
decidiu chamar sobre si as luzes da ribalta, chamando para compor o seu
ministério uma lista de mulheres, como se dissesse que “as mulheres detonaram
um espaço masculino; tornaram-se senhoras do poder”. Em tais circunstâncias,
nada melhor do termos uma “presidenta” da República! Mas, enganam-se os que
criticam a validade do emprego do termo. A forma é aceita e correta, diante do
que impõe o uso formal da língua portuguesa. O uso de “presidenta” está
consoante com o que defendem os melhores estudiosos da língua, tais como Celso
Cunha, que registra o emprego restrito do termo; Domingos Paschoal Cegalla, que
defende essa flexão de gênero; Evanildo Bechara e Luiz Antônio Sacconi entre
outros. Esses linguistas e gramáticos não defenderam esse ponto de vista a
partir de Dilma Rousseff, fizeram-no bem antes de ela ser eleita! Mais distante
ainda está Cândido de Figueiredo, o qual em 1899 já registra a forma como
neologismo.
Aprendi, nas aulas de
linguística, que é o falante quem faz a língua, e não o contrário. Dessa forma,
se o falante consigna a forma presidenta, de tal modo que também os melhores
dicionários a incluam e a própria Academia Brasileira de Letras dê aval, basta
examinar o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, não cabe aos leigos a
discussão desse assunto.
Claro que há pensadores e
estudiosos com teorias gramaticais divergentes daquilo que está consignado;
porém essas divergências são discutidas nas esferas acadêmicas e nem elas
poderão anular o que já está dado como conveniente pelo uso.
Logo, quem preferir a forma “presidenta”
(se nos vier outra executiva federal) que o faça sem receio. Quem preferir “presidente”
(como eu mesmo), a liberdade de empregar o substantivo comum de dois gêneros é
também total. Há mais assuntos na fila das discussões; vamos a eles!
0 Comentários:
Postar um comentário
Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos corações sábios - Salmos 90.12.
▬▬▬▬▬▬▬
Seu comentário é muito importante para nós da UBE Blogs - União de Blogueiros Evangélicos. Portanto, comente com responsabilidade.
Atenção: Não serão aceitos comentários:
1) Ofensivos
2) Anônimos
3) Em CAIXA ALTA.
Administração UBE Blogs