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A religião - qualquer que seja – é sempre
uma atividade de natureza didática, uma vez que sua principal tarefa é agregar
e instruir pessoas que defendam os seus princípios. O cristianismo, desde longe,
sobressai-se no afã levar os seguidores de Cristo ao conhecimento da verdade do
evangelho (Jo 8.32). O próprio Senhor Jesus jamais abandonou a atividade
didática para expandir a sua mensagem salvadora; e ele mesmo ordenou aos seus
discípulos que assim procedessem (Mt 28.19-20). Deus é o Deus da instrução, do
ensino. As determinações divinas sempre foram claras, precisas e absolutamente
inteligíveis. Adão, por exemplo, nada ignorava de tudo quanto Deus lhe
ensinara. Para Pedro, o Senhor usou um método didático, a fim de ele
compreender que o evangelho chegara aos gentios.
A Bíblia registra uma bela passagem em
que Esdras, o escriba, leu e ensinou as palavras da lei ao povo de Israel que voltara
do cativeiro babilônico (Ne 8.8-9). Paulo exige que o obreiro maneje bem a
Palavra da verdade (2Tm 2.15).
Todas as igrejas deveriam ser,
prioritariamente, um centro de ensino bíblico; entretanto, não é isso que se
observa. O meio pentecostal, em grande parte, ainda não chegou ao seu melhor
nível de estudo e ensino da Palavra de Deus. Nossas igrejas há décadas, têm-se
preocupado com a construção de confortáveis templos, com a formação de
conjuntos musicais, voltados para os movimentados cultos ao anoitecer dos
domingos. Todavia, o ensino bíblico tem ficado para segundo plano.
Em geral, a frequência à EBD chega ao
nível do lastimável, se considerarmos o número de membros da igreja.. O
resultado é que se tem uma “igreja cantante, ainda que em detrimento de seu
hinário oficial”, cujos membros não dispõem de um mínimo de conhecimento e
prática bíblica.
Evidentemente essa circunstância é
também entrave no trabalho de evangelismo pessoal; pois, quem não é instruído
na Palavra de Deus torna-se incapaz de agir como ordena Pedro: “...e estai
preparados para responder com mansidão e temor a qualquer um que vos pedir a
razão da esperança que há em vós”. (1Pe 3.15).
Entretanto, não há problema sem causa,
logo, o fracasso de muitas EBD tem explicação. O primeiro ponto do problema
está na formação do professor de Bíblia. É inadmissível sujeitar-se uma
congregação ao ensino de quem não aprendeu a ensinar. A formação didática (e
mesmo pedagógica) é indispensável. Nos idos de 1950, 1960, a maioria das EBD
assembleianas tinham a mera preocupação de propagar os usos, os costumes, as
proibições, ou as permissões da denominação. E achavam que isso era ensino
bíblico!
Qualquer curso que se preza tem um
programa a ser cumprido, prepara material didático compatível com a sua
proposta e apresenta professores bem formados para o seu mister.
Curso de EBD não é uma atividade inócua,
em que um “professor” lê, diante da turma, a página relativa à lição daquele
domingo. O aluno se vê obrigado a assistir a uma leitura em voz alta, de um
trecho - que ele mesmo poderia ler - sem que faça um aparte, tenha uma
pergunta, ou dê uma sugestão. Depois da enfadonha leitura, muitos “professores”
perguntam: “Há alguma dúvida?” Claro que há, mas só faltam dois minutos para
encerrar a atividade e tudo fica como começou. Toda aula é uma atividade bipolar,
integra professor e aluno em um assunto, mas as EBD, às quais me refiro, seguem
a máxima do “magister dixit”. Evidentemente, essas circunstâncias esmorecem a
frequência e o curso dominical minguará antes do término do trimestre.
Outro ponto a destacar é a constituição
dos grupos de alunos. Claro que um cristão recém-chegado não poderá acompanhar
os estudos de uma classe de anciãos. Por outro lado, a instrução que se dará
aos jovens difere em conteúdo daquela que se oferece aos adultos. A instituição
da “classe única” é expediente desaconselhável, quando se dá a devida
importância à EBD.
Além disso, não se pode desprezar um
fato crucial: se uma igreja não se impõe
como um “centro de estudos bíblicos” trabalha pelo afundamento da sua EBD. A
escola dominical não é uma atividade à parte, sem noção da finalidade explícita.
Ela é o sustentáculo da fé evangélica.
Hoje, há riquíssimos materiais sobre a formação
das Escolas Bíblicas Dominicais, entre eles, é possível citar com elogio o
CAPED – Curso de Aperfeiçoamento de Professores de Escola Dominical, do
brilhante e emérito pastor Antônio Gilberto. Para conhecer as obras desse
prestigiado professor, basta consultar as listas de obras da CPAD.
Cada crente precisa saber que a EBD dá e
mantém o alicerce da sua fé. Cada igreja precisa entender que sua função
indispensável não se concentra nas festas que promove, nem nas músicas que
canta, nem na grandiosidade de seus templos: ela tem que ser um “centro de
estudos bíblicos”!
Ev. Izaldil Tavares de Castro
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