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A chamada ideologia de gênero tem causado rebuliço nas concepções de masculino/feminino. De um lado, estão os que mantêm a concepção dos “sexos” e suas funções já estabelecidas na sociedade. De outro lado, estão os que passaram a adotar outra concepção: a de gênero, dissociada da característica natural de homem e mulher. Todavia, não esse ponto que está em pauta nestas linhas. O que me conduz à reflexão é um texto em que um reconhecido pastor de igreja evangélica reformada, expõe sua compreensão relativamente à demonstração emotiva observada nos atletas nos Jogos Olímpicos.
A chamada ideologia de gênero tem causado rebuliço nas concepções de masculino/feminino. De um lado, estão os que mantêm a concepção dos “sexos” e suas funções já estabelecidas na sociedade. De outro lado, estão os que passaram a adotar outra concepção: a de gênero, dissociada da característica natural de homem e mulher. Todavia, não esse ponto que está em pauta nestas linhas. O que me conduz à reflexão é um texto em que um reconhecido pastor de igreja evangélica reformada, expõe sua compreensão relativamente à demonstração emotiva observada nos atletas nos Jogos Olímpicos.
Em sua dita reflexão, aquele
pastor afirma que está decepcionado com a enorme demonstração de choro entre os
atletas masculinos e atribui esse fato provavelmente a um processo de
feminilização por que passa o gênero masculino. Não há dúvida de que o
respeitável líder evangélico, ultimamente, tem revelado pontos de vista
teológicos altamente discutíveis, mas guarda para si todo o estoque da certeza
e da razão, o que é muito ruim. Além disso, aquele nobre obreiro evangélico tem
avançado em seara a que não está afeito, como nesse caso, cujo assunto cabe à
Psicologia. Assim, sua decepção beira a criticável posição machista de que “homem
não chora”.
Os cientistas dedicados aos
estudos tanto da Medicina, como da Biologia e também da Psicologia explicam o
que é o choro e quais as suas funções. Claro que não cabe aqui compulsar os
manuais científicos para aprofundar o assunto. Basta-nos saber que o choro
resulta da expulsão de lágrimas, um fenômeno biológico (de homens e de
mulheres).
A Psicologia tem dedicado
estudos que expliquem as causas do choro. O Dr. Oren Hasson, da Universidade de
Tel Aviv, diz que o choro é um comportamento (logo, uma forma de agir)
estratégico que (em muitos casos) busca atrair a simpatia de outrem para um
estado emotivo, ou para reduzir a possível opressão do adversário. O choro
aponta para o “jogar a toalha”.
Apenas o ser humano tem no
choro um comportamento psicológico.
Um problema sério cujo mal
deve ser mencionado aqui é o que chamo de “síndrome do sabichão”. É certo que
ninguém domina a maior parte do conhecimento, mas existe um preconceito contra
o não-saber. Por isso, brota a tal síndrome. Repare que, mesmo alheio a um
assunto tratado em uma roda, a tendência do leigo é tomar uma postura que disfarce
a sua natural ignorância: eis a síndrome. Esse mal faz o cérebro inventar “explicações”
falsas sobre determinado assunto ou tema. Todavia, o portador da “síndrome do
sabichão” acredita em suas conclusões.
Ora, voltando à questão do
choro, é sabido que um indivíduo pode entrar em situação de choro por muitos
motivos; ente esses, a alegria de uma conquista. Quando se fala em conquista,
prevê-se uma anterioridade de luta, de preparo intenso, de busca incessante;
assim atividades que conduzem ao estresse físico e emocional. Nesse caso, o
choro pode funcionar como a descarga da tensão acumulada durante o período de
preparação para um embate.
Sabido quão intenso é o
esforço despendido por atletas, a fim de se prepararem para uma competição;
sabida é qual a ansiedade gerada no coração de uma mãe que aguarda a hora do
parto, da jovem que vê aproximar-se o dia do casamento, a proximidade das
provas que levam à conclusão de um curso, entre outras mil situações
estressantes.
Associar o choro dos atletas,
ou algo semelhante, a um processo de emasculação, ou feminilização do homem não
passa da exposição da “síndrome do sabichão”. Esta afirmação não deve ser
levada a título de ofensa a quem quer que seja: todos nós somos atingidos por
essa síndrome, como forma de evitarmos a sensação do ridículo. Entretanto,
valer-se dela para justificar verbalmente o que se desconhece, a priori, é
atitude bastante desagradável e, não raro, ofensiva.
Os atletas nos Jogos
Olímpicos, o estudante vitorioso nas provas, a jovem ante o casamento, a mãe
ante o parto, choram, aliviando-se da carga emotiva que antecedeu o evento.
O choro também traduz o sentimento de perda,
de frustração, todavia, essas situações vão-se classificar como aquelas já
mencionadas como a busca do apoio, da compreensão ou da compaixão de outrem.
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